A Unidade Acadêmica

Ao lançarmos esta proposta, pretendemos dialogar e interpretar os contextos local e global do nosso fazer acadêmico através de aproximações disciplinares que vão além das clássicas áreas temáticas da Capes.

O contexto local, onde se implanta a nossa UFCA, nos pede a saída dos estereótipos da carência, a escuta sensível dos potenciais abafados e a valorização de toda semente de autoafirmação criativa, que vise à busca de caminhos de desenvolvimento originais e duráveis.

O contexto global nos incita, inclusive para dar conta da tarefa anterior, a olharmos além das cercas disciplinares já postas.

Firmamo-nos na convicção de que as separações entre natureza e cultura, razão e emoção, ciência e arte, clara herança do pensamento positivista moderno, não nos servem hoje diante dos novos desafios da contemporaneidade. Acreditamos que os significados da realidade, assim como da nossa ação nela, são socialmente construídos e, portanto, enquanto cidadãos, locais e planetários a um tempo, estamos prontos a aceitar o desafio de um diálogo amplo entre áreas do conhecimento já tidas como separadas.

Enquanto gestores públicos/sociais, filósofos, designers, músicos, educadores nos mais váriados campos artísticos e sociais, estamos cientes do grande desafio implicado na missão de refletir, atuar em, e gerenciar, contextos altamente complexos (internamente diversos, potencialmente conflituosos, atravessados por interesses, valores, projetos de futuro, não homogêneos).

Acreditamos que as diversas práticas de gestão da complexidade e criação na complexidade são banalizadas por uma visão simplesmente técnica. A aproximação inter e transdisciplinar se justifica pelo reconhecimento da limitação das partições do saber em disciplinas estanques, assim como atende à consciência crescente de que o diálogo entre áreas, consideradas como separadas, nos dá elementos novos e férteis de leitura, interpretação e ação no mundo contemporâneo. Cabe ressaltar que não está se propondo uma instrumentalização da cultura e das artes em prol da gestão e do desenvolvimento de contextos organizacionais ou sociais. Ao contrário, acreditamos no grande potencial crítico e transformador da cultura, das artes e humanidades, independente de qualquer instrumentalidade.

Afirmamos assim a importância da construção de um Instituto Interdisciplinar de Sociedade, Cultura e Artes na nossa UFCA e nos comprometemos com esta empreitada coletiva.

Perfil da Proposta

A criação do IISCA é proposta a partir de cursos existentes e áreas de conhecimento distintas, sem esquecer das especificidades delas, porém, reconhecendo o potencial de valorização e integração recíprocas. Por esse motivo, sua constituição, ampla e plural, está condicionada a que a representatividade do Instituto, nas diversas instancias da Universidade, seja garantida de forma proporcional ao número de cursos componentes, seja nos Conselhos Superiores, seja na alocação de novos cursos, de recursos humanos e materiais.

Considerado isto, os proponentes acordaram como prioridade para a abertura de novos cursos os seguintes: Para 2015: Audiovisual e novas mídias; Pedagogia bilíngue; Tecnólogo em Permacultura; para 2016: Arquitetura; Terapias holísticas. Ressaltamos que o número maior de cursos em 2015 justifica-se pela elevada representatividade do IISCA.

Apesar de se constituir com base em Cursos distintos, o IISCA pretende fomentar o reconhecimento de setores de estudo transversais que potencializem a prática efetiva da interdisciplinaridade. Inclusive, algumas iniciativas que concretizam a interação entre os cursos componentes já existem, nos permitindo vislumbrar uma prática inovadora de ensino, pesquisa, extensão e cultura.

Destacamos que, em virtude do curto prazo que tivemos neste momento final de definição das Unidades Acadêmicas, a organização interna do IISCA ainda não foi debatida. Este será um dos próximos passos a serem dados. Salientamos que esta proposta é apoiada pela Coordenadoria de Acessibilidade da UFCA e está aberta para a possível integração de outros cursos; especificamente, convidamos o Mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentável a considerar a inserção no IISCA.

Por fim, cientes da ousadia desta proposta, nos comprometemos à sua reavaliação em um prazo bienal, contemplando a possibilidade de redefinição e modificação. Ainda, e mais no geral, consideramos como indispensável a continuidade do debate sobre a construção das áreas de conhecimento em nossa Universidade e sugerimos como necessária a previsão expressa de um período obrigatório de 2 anos para revisão da organização dos Institutos em seu conjunto.

 
Juazeiro do Norte, 16 de março de 2014.

Colegiado do Curso de Design
Colegiado do Curso de Música
Colegiado do Curso de Filosofia